FAMÍLIA SERÁ INDENIZADA POR MORTE DE CAVALEIRO
Fonte: TRT/PR - 25/11/2013 - Adaptado pelo Guia Trabalhista
A
esposa de um jóquei, falecido ao tentar domar um cavalo em um Jockey, deverá receber indenização por danos morais e materiais pela
morte do marido. A decisão é da Sétima Turma do Tribunal Superior do
Trabalho (TST) e manteve entendimento do Tribunal Regional do Trabalho
do Paraná, de que tanto a empresa quanto o proprietário do animal
deverão se responsabilizar pelo acidente.
O jóquei se acidentou
em 1998 durante uma competição ao tentar domar o
cavalo. O animal empinou, virou de costas e caiu sobre o abdômen do
cavaleiro, que não resistiu aos ferimentos e morreu 14 dias depois do
acidente.
Em junho de 2003, a esposa entrou com ação de
reparação por danos morais e materiais a empresa e contra o
dono do animal, um deputado, que morreria em
2006. Na reclamação trabalhista, a viúva afirmou que, após a morte do
marido, teve de deixar a moradia concedida pelo Jockey e, juntamente com
os dois filhos do casal, passou por sérios problemas econômicos.
Os
réus contestaram o pedido alegando que o jóquei estava habilitado e que
o trabalho oferecia riscos à integridade física, como a queda de um
cavalo. "Era um animal de corrida", retrucaram. Os advogados ainda
sugeriram uma possível imperícia do cavaleiro como causa do acidente.
Ainda para a defesa do espólio do deputado, o fato dele ser o
proprietário do cavalo que causou o acidente não poderia lhe acarretar
culpa. "Não foi ele quem indicou o jockey", concluíram.
O
Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR) aplicou ao caso a teoria
da responsabilidade objetiva com base no risco acentuado. O caso é
tratado pelo artigo 927, parágrafo único, do Código Civil. De acordo com
a teoria, o empregador fica obrigado a reparar o dano,
independentemente de culpa, quando a atividade normalmente desenvolvida
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outra pessoa.
Quanto
à condenação do espólio do deputado, o TRT paranaense entendeu que o
proprietário deveria responder solidariamente, já que não provou que a
ordem de montaria não teria sido dada por ele. Tal entendimento foi
mantido pela Sétima Turma do TST, no exame de recurso de revista.
O Jockey e os herdeiros do deputado entraram com embargos contra a decisão da Turma, que entendeu pela reparação do dano e não conheceu do recurso de revista das partes. Segundo eles, a decisão foi nula devido à divergência entre os votos dos ministros da Turma. Mas o relator dos embargos, ministro Cláudio Brandão, rechaçou a alegação, afirmando que o recurso teve votação por maioria no sentido da responsabilidade das partes.
O ministro observou que as funções do jóquei estavam relacionadas ao exercício normal de suas atividades laborais. Quanto ao risco, disse que quem lida com animais está submetido a uma probabilidade muito maior de sofrer danos. "O homem não tem controle, sendo esse fator de risco gerado pelo empregador", ressaltou.
Nos embargos, o Jockey defendeu a responsabilidade pelo acidente pela "teoria do risco criado". Mas, segundo o relator, não houve imprudência ou imperícia na atitude do cavaleiro. "Não é o caso em que uma pessoa atiça um cão e este vem a mordê-la", disse. O voto do relator foi seguido pelos outros ministros.